quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A Ana e os iogurtes

Respigar é mais do que um estado de espírito ‒ é um estilo de vida! Tem a ver com a maneira como encaramos o mundo que nos rodeia e o espectro da nossa ação sobre ele. Pondo as coisas em termos simples, há dois tipos de pessoas: aquelas que, quando não há, se queixam; e aquelas que, quando não há, fazem! As do segundo tipo são as criativas, as desenrascadas, as que transformam problemas em projetos; as que estão terminantemente convencidas de que não há modelos perfeitos, formas finais: tudo (ou quase tudo!) é passível de reinvenção, renascimento.

Há pessoas que já nascem com esta atitude, e a mantêm toda a vida, e há outras que descobrem essa faceta de si mesmas por uma ou outra vicissitude. Quer num caso, quer noutro, penso que, quando há filhos/as, essa capacidade (esse talento!) para o "desenrasque" se potencia exponencialmente. Todas as mães movem montanhas pelas suas crias, mas as mães criativas fazem-no com um toque especial: com mais calor, com mais intenção, com mais vontade de mudar o mundo!

Eu e a Ana já nos conhecemos desde que éramos bem pequenitas; andámos juntas no ballet e fomos colegas de Escola durante muitos, muitos anos! Entretanto, deixámos ambas a terra-mãe, e ela já viveu um pouco por toda a Europa, à medida que ia avançando na sua formação. Há 16 meses, foi mãe da Filipa, e é a partir de Itália (onde vive atualmente com a família) que contribui com este post sobre iogurtes. Quem diria que os iogurtes seriam uma fonte de nostalgia, estando fora de Portugal?! Fiquem a saber mais, pela 'voz' desta mãe e mulher criativa!



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Várias são as “pequenas” coisas que nos lembramos que existem e que nos fazem muita falta, quando não as temos por perto. Sendo eu praticamente uma rapariga do mundo, tendo já vivido no estrangeiro, em alguns países, por períodos curtos e longos da minha vida, apercebi-me que existem várias coisas às quais estamos habituados no nosso dia-a-dia e que nos fazem muita falta. Uma delas é a comida, ou produtos alimentares (inclusive, de determinadas marcas) imprescindíveis! É o caso dos iogurtes. Sim, iogurtes… Existem em todo o mundo, é certo (bom, talvez não haja tanto na China, dado o elevado número de chineses intolerantes à lactose), mas por alguma razão, em Portugal somos grandes consumidores de iogurtes de aromas, de consistência firme, e que existem "aos montes" nos supermercados. Estes iogurtes são uma espécie rara em vários países da Europa, nomeadamente França, Suíça e Itália (por onde já andei). Por acaso, nem sou muito esquisitinha no que diz respeito à comida, mas nos iogurtes apercebi-me que sim, sou… seletiva! E só me apercebi o quão fã sou deste tipo de iogurtes quando emigrei! Ainda fiz várias tentativas com outros iogurtes semelhantes, outros cremosos (como, por exemplo, os da Activia, que existem em muitos países). Outra curiosidade é que iogurtes magros é também algo pouco comum. Aqui em Itália, não há grande variedade de marcas nem de estilos, consomem essencialmente iogurtes gordos ou intero (yuck!).
 




Desta forma, senti que devia fazer algo quanto à minha necessidade urgente de comer iogurtes de que realmente gostasse. Falei com a minha mãe (as mães são poços de sapiência!), pois lembrei-me que antigamente ela fazia uns iogurtes naturais caseiros, e que eram muito bons. Assim foi: ela deu-me a receita, eu segui os passos todos e acrescentei uma pitadinha científica à coisa, e o resultado foi muito agradável!

Hoje em dia, existem várias receitas de iogurtes caseiros, bio-iogurtes, iogurtes com compotas, etc., e muitos sites de onde podem também tirar ideias. De qualquer forma, aqui fica a minha receita:

Ingredientes:
  • 1 litro de leite meio gordo
  • 1 iogurte meio gordo ou gordo
Não precisa ser natural nem “duro”, pode ser cremoso. O natural dá um travo mais amargo, enquanto que, utilizando um iogurte de aromas, como já tem algum açúcar adicionado, irá diminuir a acidez do iogurte. Ao usar um iogurte de aromas, o sabor vai ficar bastante diluído, mas percetível o suficiente para se diferenciar de um iogurte natural, dando um toque ligeiramente açucarado, o que faz toda a diferença. O que se pode fazer para que o sabor fique mais forte é juntar o aroma em bruto (essência). Há à venda frasquinhos de aromas para este tipo de efeitos. Basta juntar uma pequena quantidade (algumas gotas) para o sabor ficar intenso. Mas confesso que ainda não experimentei.
  • 2 c. de sopa de leite magro em pó
Muito difícil de encontrar no estrangeiro. Trouxe de Portugal, claro, da marca Molico. O leite em pó serve para regular a firmeza dos iogurtes: mais leite em pó, iogurtes mais firmes. Duas colheres são suficientes para obter a consistência a que estamos habituados.

Dicas sobre como regular a consistência do iogurte:

http://www.thekitchn.com/better-homemade-yogurt-5-ways-125442
  • 1 termómetro de cozinha
  • 1 iogurteira
A minha mandei vir da Amazon, é muito económica e um bom investimento! A iogurteira serve apenas para o processo de incubação se manter a uma temperatura constante e sem interferências. Existem outras alternativas, mas penso que esta opção é tão barata que não vale a pena procurar mais.

Three Ways to Make Yogurt Without a Yogurt Maker:

http://www.thekitchn.com/crafty-solutions-3-ways-to-mak-125216



Procedimento:

Num tacho, juntar 1 litro de leite com as 2 colheres de leite em pó e deixar aquecer até aos 80º C (aproximadamente), não deixando o leite ferver (ferve aproximadamente à mesma temperatura que a água, 100º C). Não se deve deixar ferver uma vez que isso terá influência sobre a textura dos iogurtes. Durante o processo de fermentação, as bactérias presentes no leite consomem lactose e produzem ácido láctico, o que leva à desnaturação das proteínas e consequente coagulação da gordura do leite. Este passo é fundamental para uma boa consistência dos iogurtes.

Aqui fica um link com uma boa explicação de como acontece o processo da produção do iogurte a partir do leite:
http://cooking.stackexchange.com/questions/32783/making-yogurt-without-heating-milk



Desligar o fogão e deixar arrefecer até aos 40-45º C.




Juntar o iogurte ao preparado e misturar levemente. Colocar o produto final nos frasquinhos de iogurte e deixar a iogurteira ligada durante 8-10h. Normalmente, faço este processo à noite, para que os iogurtes estejam prontos de manhã. Ao fim das 10h, deve-se colocar os iogurtes no frigorífico para parar o processo de fermentação e não gerar acidez. 




Eis o resultado:





Receita alternativa para iogurtes magros:
- 1 iogurte grego
- 1 litro de leite magro
- 2 c. de sopa de leite em pó

Se usarmos um iogurte magro e leite magro, os iogurtes não ficam com aquela consistência firme que se pretende; a gordura do leite, aqui, é muito importante. Vai daí, experimentei um iogurte grego (dica do Marido, confesso!), que é bastante gordo, e o resultado foi uma bela surpresa. Saboroso e… magro ‒ ou menos gordo...! :D

Como, por vezes, algumas tentativas de fazer iogurtes caseiros podem correr mal ‒ podem não ficar firmes ou parecer estragados (e talvez possam estar!) ‒ aqui ficam algumas dicas de como resolver a questão:
http://www.kitchenstewardship.com/2012/06/01/what-did-i-do-wrong-the-definitive-homemade-yogurt-troubleshooting-guide/

Enjoy! ☺
Ana

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O dia da abóbora

O tempo está a mudar, o Outono vem aí! Apetece chá, manta, um bom livro e alguns mimos para confortar o corpo e a alma.

Para mim, a abóbora está indelevelmente associada ao Outono. O laranja é a minha cor favorita, sempre, mas os laranjas outonais têm outra luz, outro calor: as folhas secas a estalar debaixo dos pés, o pôr-do-sol prematuro, a lareira a crepitar, os sabores que nos aconchegam.

Como já disse, quando falei aqui sobre a minha sopa, sou fã da abóbora! Adoro a sua polivalência e rentabilidade: desperdiço muito pouco, quando utilizo abóbora. É um bom "projeto" para um domingo de chuva e preguiça, ou mesmo para um dia mais agitado em casa, porque há várias pequenas etapas que se podem ir concretizando, independentemente umas das outras, enquanto se levam a cabo outras tarefas, sem necessidade de dedicar um dia inteiro à transformação da abóbora.


Gosto bastante desta variedade de abóbora ‒ conhecida como abóbora-bolina ou abóbora-menina ‒ embora não seja a minha preferida para compotas (sobre essa falarei noutro dia!). É, de qualquer forma, excelente para a sopa, para transformar em puré e para aproveitamento das pevides (adoooooooooro pevides!). Sobre a primeira utilização, e sobre o valor nutricional da abóbora, já falei noutro post, portanto hoje vou falar sobre o puré e sobre as pevides.


Uma das principais vantagens desta variedade de abóbora é o facto de ser carnuda, pelo que podemos confiar que renderá bastante, qualquer que seja o destino final que lhe dermos. Esta tinha cerca de 3,5kg dos quais cerca de 400g foram imediatamente para a panela da sopa desse dia ‒ e rendeu aproximadamente 1kg de puré (escorrido).
Lavo-a antes de a cortar, numa bacia larga com água fria e vinagre branco, e o auxílio de uma escova suave (para não danificar a casca). 


A primeira coisa que faço é, normalmente, reservar as pevides. Se quiserem, podem lavá-las imediatamente, debaixo de água corrente fria, utilizando um coador de rede, para remover quaisquer fibras/restos de polpa, e depois deixá-las escorrer. Tendo o cuidado de secá-las bem, podem conservá-las assim no frigorífico durante um ou dois dias, mas não mais do que isso, para que não comecem a germinar. Mas, para já, vamos ao puré!


Forro bem um tabuleiro de ir ao forno com papel de alumínio ‒ cerca de 90% da abóbora é água, pelo que, a menos que queiram que o fundo do vosso forno se transforme numa piscina, devem isolar bem a "estufa" onde a abóbora vai assar. Antes de dispor no tabuleiro, corto em pedaços de 3-4 cm, com o cuidado de que todos os pedaços tenham casca, porque esta vai impedir que a abóbora seque demasiado durante a confeção. Idealmente, os pedaços seriam dispostos numa única camada, mas isso vai depender do tamanho do vosso forno, do número de tabuleiros de que disponham e do tempo que tenham disponível, pelo que se tiverem que empilhar duas ou três camadas, também não é problemático! Depois de dispostos os pedaços de abóbora no tabuleiro, fecha-se a "estufa" de papel de alumínio, tipo papelote. 


Não utilizo qualquer tempero nesta fase, porque o puré poderá depois ser utilizado em pratos mais doces ou mais salgados. Se já tiverem em mente uma utilização específica, há temperos que funcionam especialmente bem com a abóbora, como a canela, a noz moscada, o gengibre em pó e o cravinho.
Assa-se a abóbora no forno a 190º C, durante uma hora (caso tenha sido possível dispor os pedaços de abóbora apenas numa camada) ou hora e meia. Retira-se do forno e deixa-se arreferecer um pouco antes de abrir o papelote. Atenção que vai libertar-se vapor muito quente! Com uma faca, retira-se a casca, que vai estar bastante mole, por isso sai com muita facilidade (podem, inclusive, não descascar a abóbora e integrar a casca no puré, caso esta tenha sido bem lavada e não tenha manchas).


À medida que vou descascando a abóbora, vou passando os pedaços para um coador suspenso sobre uma bacia. Naqueles primeiros minutos, a abóbora liberta logo bastante água e é isso que se pretende: extrair o máximo de água possível.
Ao assar a abóbora em papelote, há outra vantagem, para além do facto de esta secar menos e não queimar nas extremidades, mesmo com uma temperatura elevada: no final, é só fechar o papelote sobre si mesmo e deitar no lixo, sem sujar nada!


Para transformar os pedaços de abóbora em puré, é sempre vantajoso usar uma varinha mágica ou um processador, mas quem não tiver, pode também usar um passe vite (manual ou elétrico) ou mesmo um esmagador de batatas (como este). Depois de se obter um puré homogéneo, transfere-se o preparado novamente para um coador, desta feita revestido com um pano de cozinha fino ou uma fralda de algodão (simples), ou recorrendo a alguma das alternativas que já referi aqui.


Deixa-se repousar durante umas horas ‒ se possível, durante a noite. No final, fecha-se a trouxa e aperta-se bem com as duas mãos, para escorrer o melhor possível.



Depois de terminado o puré, costumo dividir em porções e guardar no congelador. Gosto de utilizar, por exemplo, para massas recheadas (em combinação com requeijão e/ou espinafres, para ravioli e cannelloni, ou mesmo para lasanha), para fazer pão doce ou muffins, ou como recheio para tarte. Separo em porções de pouco menos de uma chávena (é suficiente para a maioria dos pratos, doces ou salgados, para duas pessoas).



Quanto às pevides, depois de limpas e secas, é altura de as cozer. Por cada ½ chávena de pevides, adiciona-se a uma caçarola duas chávenas de água e uma colher de sopa (mal cheia) de sal. Deixa-se ferver em lume brando durante 10 minutos, para depois coar. Deixam-se arrefecer um pouco e secam-se bem, com uma toalha de pano ou papel de cozinha. Depois, passam-se para uma tigela, onde levam uma massagem com azeite (½ c. sopa por cada ½ cháv. de pevides) e temperos ao vosso gosto! Pimenta, piri-piri em pó, orégãos, cominhos, coentros em pó... As minhas levaram uma pitada de pimenta-caiena (gosto das pevides levemente picantes!) e uma colherzinha de chá de mel (para contrabalançar o picante e proporcionar alguma caramelização).
Dispõem-se num tabuleiro de ir ao forno bem espalhadas, para não colarem umas às outras, e tostam a 200º C durante cerca de 10 minutos (dependendo da quantidade e do tamanho das pevides). Deixam-se arrefecer sobre uma rede metálica, e transferem-se para um recipiente com tampa ‒ útil por várias razões, mas também para restringir o acesso em caso de ataques de gulodice!

Sobre a compota, escrevo noutro dia, porque parece que há uma abóbora-chila algures no meu futuro, e essa sim, é a minha favorita para esse efeito!

Bom apetite e bom Outono!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Às compras em grande estilo!

Desde que começaram a cobrar preços exorbitantes pelos sacos de plástico nas grandes superfícies, muita gente começou a optar por levar os seus próprios sacos de casa, quando vai às compras. Na verdade, a reutilização dos sacos de compras já não era novidade: por opção ou por necessidade, e mesmo antes da implementação da reforma da fiscalidade verde, já muitas pessoas reutilizavam os sacos que traziam dos supermercados. No entanto, e até recentemente, estes eram mais frágeis e, por isso, com reutilizações limitadas. Hoje em dia, também já dispomos, em algumas cadeias de supermercados, de opções como os sacos de papel e os sacos (grandes) de ráfia de polipropileno.

Para as pequenas compras do dia-a-dia, costumo optar pelos sacos de pano: esteticamente, acho-os mais bonitos; por outro lado, são também resistentes, maleáveis e laváveis, sendo possível tê-los sempre por perto (na mala ou mochila), mesmo quando a visita ao supermercado não foi planeada com antecedência.


Este saco já me acompanha há vários anos, e já fez muitos quilómetros na minha mala! É prático e resistente, e facilmente vai a lavar na máquina, no meio da roupa de cor. Tem, no entanto, a meu ver, três pequenos "defeitos":

1. Sendo o típico tote bag, está construído em 2D, ou seja, quando é necessário transportar algum objeto mais volumoso (por exemplo, uma lata de feijão ou grão das maiores), perde em altura o que é necessário para o fundo;
2. Tem as alças um pouco compridas, o que faz com que, por vezes, arraste no chão (especialmente ao subir ou descer os passeios);
3. Não tem nenhum sistema que o mantenha dobrado enquanto está arrumado dentro da mala, pelo que às vezes se desenrola, o que o deixa mais exposto à sujidade, e também dificulta a sua remoção da mala.
Para resolver estas pequenas falhas, e pôr em ação a criatividade, proponho-vos um projeto que julgo ser ótimo para quem se está a lançar nas "lides" da costura: um saco reversível, com fundo, e que, depois de dobrado, fecha com um atilho, pelo que pode ser transportado para qualquer lado, sem ocupar muito espaço!

As máquinas de costura são um objeto cada vez mais comum nas nossas casas; das mais variadas marcas e modelos, há para quase todos os gostos e carteiras. Por menos de 100€ já é possível ter uma boa máquina de costura, perfeitamente suficiente para os nossos projetos pessoais ou profissionais (de pequena/média escala). Se, para muitas pessoas, a decisão de comprar uma máquina de costura é relativamente simples, já a entrada em ação costuma levar mais algum tempo. As primeira tentativas podem ser frustrantes, e rapidamente a máquina pode ser arrumada a um canto (com mais ou menos remorsos associados!). É preciso começar devagar, numa progressão (por vezes, mais lenta do que idealizamos) do mais simples para o mais complexo. Já há muitos tutoriais disponíveis (em revistas ou online), mas eis alguns defeitos relativamente comuns a alguns desses projetos de iniciação à costura:
1. Sendo esteticamente bonitos, ou tecnicamente complexos (permitindo, assim, desenvolver uma série de competências), resultam em objetos pouco práticos ou úteis para o dia-a-dia;
2. Sendo relativamente simples, são pouco desafiantes, sendo por isso difícil manter um nível de motivação constante, vital para a boa conclusão do projeto; 

3. São demasiadamente prescritivos, deixando pouca margem para a inventividade.
Penso que este projeto está ao alcance de qualquer principiante (uma vez que nem eu própria sou excecionalmente experiente na costura!) que tenha à sua disposição materiais de boa qualidade, e uma boa dose de paciência e determinação! Facilmente poderá ser transformado e complexificado, por quem tenha mais traquejo; deixo algumas sugestões nesse sentido, no final do post!

Primeiro passo: tirar as medidas e cortar o tecido! Como o saco é reversível (ou seja, na verdade, faremos dois sacos, que depois uniremos), precisamos de quatro retângulos de tecido para o corpo do saco, mais dois para as alças, e mais um para o atilho. Não quero que o saco fique muito mais largo do que aquele que me serviu de molde, pelo que vou cortar à medida, deixando apenas 1cm-1,5cm de margem de costura de cada lado e em cima, e 10cm em baixo (para o fundo + margem de costura). Fico, assim, com quatro retângulos, idênticos dois a dois, com 50cm x 35cm.


Como já expliquei, quero as alças ligeiramente mais curtas, por isso faço pela medida das atuais, sabendo que vou perder 2cm-3cm de comprimento com a margem de costura, durante a aplicação, o que me parece suficiente. A largura das alças não quero mudar (há que ter apenas em conta a margem de costura). Fico, assim, para as alças, com duas tiras de 54cm x 6cm.


Para o atilho, precisamos de uma tira estreita e comprida, costurada de forma a ficar resistente (pois vai ter que aguentar o esforço de atar e desatar). Corto um retângulo com 60cm x 4 cm.

Segundo passo: fazer as alças e o atilho! Podem começar por fazer o corpo do saco, mas pessoalmente prefiro deixar as peças mais pequenas (ou acessórias) prontas primeiro, para não interromper depois o fluxo do projeto, e também porque, exigindo mais minúcia, é sempre preferível dedicarmo-nos a elas quando estamos com mais disposição! 

2.1. Vamos costurar as alças e depois virá-las. Neste caso, como o tecido escolhido é igual dos dois lados, é indiferente de que lado se cose. No caso de um tecido estampado, a costura deve ser feita do avesso, para que fique escondida no interior, depois de dada a volta. Nesse caso, dobra-se o tecido a meio, longitudinalmente, com o "lado bonito" do estampado virado para dentro. Em qualquer caso, utilizamos o ferro de engomar para vincar a dobra, e auxiliamo-nos de alfinetes para garantir que o tecido não sofre desvios durante a costura. Depois de cosidas as duas alças, vamos dar-lhes a volta, com a ajuda de um alfinete-de-ama, um clip, uma caneta, uma tesoura de pontas redondas... enfim, o que vos der mais jeito! É importante salientar que quanto mais estreita a tira, e quanto mais espesso o tecido, mais lenta e laboriosa será a viragem. Armem-se de toda a vossa paciência, ponham uma banda sonora relaxante, e mãos à obra! Concluída a viragem, usem o ferro para achatar as costuras.



2.2. Vamos fazer o atilho, que depois aplicaremos no saco já concluído. Com a ajuda do ferro, dobramos a tira ao meio, no sentido longitudinal. Depois de encontrado o meio, dobramos os dois lados para dentro, alinhando com o centro. Voltamos, depois, a dobrar ao meio, com as duas abas viradas para dentro da tira, vincando novamente com a ajuda do ferro. Esta tira que obtemos é a chamada tira de viés, que se pode também usar para debruar (viés mais largos são usados como cós para cinturas, colarinhos e punhos, por exemplo). Costuramos, depois, a toda a volta da tira (os quatro lados), bem junto à margem, com o cuidado de colocar as pontas para dentro, antes de coser as extremidades mais estreitas.



Terceiro passo: vamos coser o corpo do saco, que, como já expliquei, consiste, na verdade, em dois sacos unidos entre si. Para simplificar, e clarificar a distinção entre as duas peças para efeitos do processo de costura, vou utilizar os termos "saco" e "forro". Para coser o saco, vamos sobrepor dois dos retângulos cortados para esse efeito (em caso de tecidos estampados, com os "lados bonitos" enfrentados, e os avessos para fora). Fixamos as peças com a ajuda de alfinetes, de forma a ficarem bem alinhadas entre si, e cosemos três dos quatro lados (em "U"), a cerca de 1cm-1,5cm da margem. Para coser o forro, utilizamos o mesmo procedimento, exceto no seguinte: em baixo (na base do "U") deixamos um buraco, ou seja, uma parte sem coser, mais ou menos a meio, com cerca de 5cm-10cm; é por esse buraco que depois daremos a volta à peça terminada!

Quarto passo: vamos dar uma terceira dimensão ao saco, ou seja, vamos fazer-lhe um fundo. Para isso, temos que encontrar as esquinas do saco e do forro que fizemos no passo anterior. Alinhamos perfeitamente ambas as costuras laterais com a costura inferior, com a ajuda de alfinetes. Marcamos, depois, um triângulo (em cada esquina) com cerca de 5cm de altura (ou 10cm de base), e costuramos ao longo da base desse triângulo. Com a tesoura, aparamos o excesso de tecido a cerca de 1cm-1,5cm da costura que acabámos de fazer, e rematamos o sobrante com uma costura em zig-zag (para garantir a resistência do fundo do nosso saco). Repetimos esse procedimento quatro vezes, ou seja, para as duas esquinas do saco e para as duas esquinas do forro. Todo este processo é feito com as duas peças (saco e forro) do avesso, para que, depois de pronto, todas estas costuras fiquem escondidas.


Quinto passo: vamos aplicar as alças! Para saber onde devemos fixá-las, vamos dar a volta ao saco (com as costuras para dentro, e no caso dos tecidos estampados, com o "lado bonito" virado para fora), dobrá-lo ao meio, e novamente ao meio. Com a tesoura, fazemos um pequeno corte no sítio onde as peças se encontram. Utilizando o mesmo método (mas dobrando apenas uma vez ao meio), vamos determinar a metade da largura das alças. Alinhamos, depois, esses cortes entre si, fixando as alças ao saco com a ajuda de alfinetes. Ao coser as alças ao saco, este deve "entrar na máquina" aberto, ou seja, cosemos as duas pontas de uma alça a um dos lados, e as duas pontas da outra ao lado oposto, com cuidado para não fechar a "boca" do saco no processo! Para garantir que as alças ficam bem fixas, podemos utilizar o pedal de retrocesso da máquina (utilizado para rematar as costuras) várias vezes, voltando ao início da costura e deixando correr até ao final da mesma (fiz esse processo 3-4 vezes).


Sexto passo: vamos unir o forro ao saco! Com o forro do avesso e o saco do direito (ou seja, com os "lados bonitos" das duas peças enfrentados), enfiamos o saco dentro do forro, com o cuidado de que as alças fiquem também para dentro. Fazendo coincidir bem as costuras laterais de saco e forro, utilizamos alfinetes para alinhar e fixar os topos das duas peças. Com o saco aberto, cosemos a toda a volta da "boca" do saco (deixei uma margem de cerca de 2cm).

Sétimo passo: vamos dar a volta ao saco! Utilizando o buraco que deixámos por coser no fundo do forro, vamos ‒ com cuidado! ‒ dar a volta a toda a peça. Primeiro, puxando o saco, e depois introduzindo o forro dentro do saco. Fechamos o buraco com uma costura em zig-zag (à máquina), ou com o ponto invisível ou cego (à mão). Para garantir que o forro e o saco ficam bem unidos, e que um e outro só são visíveis à vez (ou seja, que a costura não rola), podemos coser a toda a volta da "boca" do saco, já depois de fechado e introduzido o forro.



Oitavo (e último) passo: vamos aplicar o atilho! Esta última etapa já não é, a meu ver, fundamental para a estrutura da peça, pelo que será opcional, mas certamente útil para quem, como eu, queira transportar o saco bem arrumado, dentro da mala, à mão para qualquer emergência! Embora o saco, depois de terminado, seja completamente reversível durante o uso, o atilho é aplicado numa das faces, o que significa que, depois de usado, ele deve ser dobrado e atado sempre com a mesma face visível. Marco o local onde vou coser o atilho, determinando o meio da largura de uma das faces do saco. Seguindo essa linha, e a cerca de 2cm-3cm do fundo do saco, fixo o atilho com a ajuda de um alfinete (deixando mais ou menos metade do comprimento do atilho para cada lado desse ponto de fixação). Para garantir a resistência do atilho, utilizei uma costura em zig-zag, em retângulo.


E está pronto! Para fechar, dobra-se o saco em três, no sentido longitudinal, com as alças viradas para dentro, e enrola-se da "boca" para o fundo. Fechado, as suas dimensões aproximadas são de 12cm x 7cm (as dimensões poderão variar consoante a espessura dos tecidos escolhidos).


É um projeto rápido e simples, que, ao possibilitar bons resultados com alguma facilidade, nos permite ganhar alguma confiança e destreza! Não indiquei grandes especificações relativas à costura à máquina porque é possível fazer tudo isto sem máquina de costura; embora, claro, exija mais esforço e mais tempo.


Aqui ficam, tal como prometido, algumas sugestões de transformação para este projeto: 

1. Aplicar um fecho de correr, botão(ões), mola(s) de pressão ou cordão (os tote bags não têm, por definição, sistema de fecho);
2. Fazer uma alça da cor do saco e outra da cor do forro; 
3. Em vez de usar peças inteiras para o corpo do saco, recorrer a técnicas de quilting ou patchwork, e/ou aplicação de rendas, fita grega/espiguilha, barras de bordado inglês com passa-fita, etc.; 
4. Aplicar um atilho no saco e outro no forro, de forma a que seja possível fechar em qualquer configuração;
5. Aplicar um bolso numa das faces do saco, ou em ambas.
 Boas costuras!

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Pequeno-almoço... de um dia para o outro!

O pequeno-almoço pode ser uma dor de cabeça! Já todos ouvimos dizer que é a refeição mais importante do dia, mas por um ou outro motivo, nem sempre é possível dar-lhe a atenção que merece. Por falta de tempo ou até de apetite, para muitas pessoas o pequeno-almoço acaba por se transformar numa rotina pouco saudável: ou inexistente, ou "mais do mesmo". Durante anos, foi assim também para mim: uma taça de cereais com leite, todo o santo dia! Para outras pessoas, é o pão ou o café, mas de uma ou outra maneira, para muitos (a maioria, provavelmente!) o pequeno-almoço é aquela coisa que se consome porque tem que ser; às vezes ainda meio a dormir, com pressa e sem grande margem para a imaginação e a variedade.

De há uns tempos para cá (mas, em especial, nos últimos 2-3 anos), tenho sentido necessidade de introduzir algumas mudanças na minha alimentação: embora muita gente tenha intolerâncias (ou mesmo alergias) alimentares praticamente desde o nascimento, para muitas pessoas essa é uma realidade com que se deparam apenas na idade adulta! Da mesma forma que, com o crescimento, muitas crianças ultrapassam sintomas alérgicos que as atormentaram durante os primeiros anos de vida, muitas pessoas só começam a sentir dificuldades na digestão de alimentos específicos já em adultas. O leite é um dos "suspeitos do costume" ‒ um dos que mais queixas gastrointestinais gera a partir de certa idade, mesmo em pessoas que toda a vida toleraram bem os produtos lácteos ‒ mas há outros: o glúten (presente, por exemplo, nas farinhas refinadas), o café, o chocolate, os frutos secos e mesmo algumas frutas frescas ou vegetais, como o tomate, o morango e os citrinos.

Com ou sem intolerâncias alimentares, a verdade é que "a variedade é o tempero da vida": uma taça de cereais pode ser uma boa opção num ou noutro dia, mas por sistema, não é a melhor escolha; muitos menos ainda se se tornar na escolha única e exclusiva, 365 dias por ano. Um prato variado é um deleite para os olhos e para o organismo, e os especialistas recomendam que o pequeno-almoço não fuja a esta regra: esta refeição deve conter uma combinação de proteínas (como aquelas que se encontram nos produtos de origem animal, como a carne, os produtos lácteos e os ovos, mas também nas leguminosas, nos frutos secos e nos vegetais de folha verde escura), cereais integrais e fruta/vegetais.

Para dar resposta a isto, mas sem esquecer a conveniência, uma boa opção é planear (e, dentro do possível, preparar) o pequeno-almoço com antecedência! Já falei aqui no blog sobre a granola, e hoje falo sobre mais duas opções: um bolo de curgete e cacau, e os overnight oats.

Começo pelo fim: os overnight oats, como o próprio nome indica, são flocos de aveia que "cozinham" durante a noite. Ou seja, em vez de se perderem 10 ou 15 minutos, de manhã, a cozinhá-los ao lume com água ou leite, eles ficam a descansar no frigorífico durante a noite, em combinação com outros alimentos, absorvendo a sua humidade. As combinações possíveis são praticamente infinitas! Aqui ficam algumas sugestões:



Este foi o pote que deixei pronto ontem à noite, antes de me deitar!

Tinha, no frigorífico, uma banana que já estava "para lá de Bagdad", e que serviu de base aos meus overnight oats: aquela camada mais escura, em baixo, é a banana desfeita e misturada com duas colheres de sopa (cheias) de aveia e uma colher de sopa (rasa) de cacau magro em pó. Mistura-se bem e deita-se no fundo do pote (ou tigela).

A segunda camada são dois alperces cortados em cubinhos, com casca. Adoro alperces, e esta é a altura deles! Assim que entro na mercearia, e sinto aquele cheirinho, fico logo com vontade de "adotar" uns quantos...!

A terceira camada é iogurte grego de morango. Regra geral, evito os produtos lácteos, mas era o que tinha disponível, e "uma vez não são vezes". Como já disse, não sou fundamentalista, e a chave é a diversidade.

A quarta e última camada é avelã tostada e picada. Por cima, para finalizar, um fio de mel.

Descansa no frigorífico durante a noite, os sabores combinam-se, e de manhã é só abrir e degustar! Não é preciso tapar o preparado, depois de pronto, mas isso ajuda a limitar o processo de oxidação natural dos alimentos. Como gosto de fazer compotas e outro tipo de conservas, tenho o hábito que guardar os frascos de vidro (que se trazem do supermercado, como embalagem para alguns alimentos) depois de vazios, e esta é uma boa oportunidade para lhes dar uso, em especial se quiserem levar convosco os overnight oats como opção para um lanche a meio da manhã ou da tarde.

Uma advertência em relação à aveia, para quem sofre de doença celíaca ou intolerância ao glúten: em princípio, a aveia é uma opção segura (quanto menos refinada, melhor). No entanto, algumas pessoas têm sensibilidades específicas relativamente à aveia. Por outro lado, quem não quer (ou não pode) consumir glúten também deve ter atenção: embora a aveia contenha pouco ou nenhum glúten (dependendo das variedades) e muitos estudos indiquem que é uma opção saudável para quem tem este tipo de restrições alimentares, pode haver contaminação durante o processamento industrial dos cereais, pelo que é importante ler os rótulos!



A minha segunda sugestão de hoje, para o pequeno-almoço, é este bolo de curgete e cacau, cuja receita podem encontrar aqui.

Substituí a farinha de amêndoa por coco ralado (a mesma quantidade indicada na receita) e utilizei farinha de milho integral. Por cima, decorei com avelãs tostadas, mesmo antes de levar ao forno. Embora não seja grande fã do sabor a coco, gosto de utilizar coco ralado em algumas receitas, especialmente se sei que o aroma não vai ficar muito intenso. Neste caso, como é combinado com a curgete (que tem um sabor quase neutro) e com o cacau (que, não sendo doce, tem um sabor bastante intenso), resulta bem! O coco, sendo rico em fibra, é também rico em açúcares e gordura, pelo que deve ser utilizado com parcimónia.

A curgete contém muita água, e por isso (a menos que esse aporte de água seja importante para a receita, como por exemplo num molho ou numa sopa) deve ser bem escorrida. Costumo usar uma fralda de pano (das mais finas, porque as duplas tendem a ser bastante absorventes, que não é o que se pretende!), que ato numa trouxa e espremo bem, embora existam algumas opções mais "sofisticadas" no mercado (por exemplo, aqui e aqui).

Este bolo aguenta-se durante bastante tempo; ou, pelo menos, até ser alvo de algum ataque de gulodice!... Costumo manter embrulhado num pano de cozinha (não muito grosso), em cima de uma tábua de pão, e vou cortando as fatias à medida do necessário (depois de cortadas, secam mais rapidamente). Faz parte de uma lista bolos/pães que vou alternando, e que costumo fazer ao domingo para ir utilizando nos pequenos-almoços da semana seguinte.

Se a preguiça e a pressa atacam de manhã, nada como planear e preparar com antecedência!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Campos - Aldeia e Trilho Pedestre

Somos de datas; das redondas e das outras. Na verdade, do que gostamos mesmo é de festejar, celebrar: a vida, os momentos, as emoções. Para assinalar a felicidade, todas as desculpas são boas!

O Paulo fez 35 anos. É um aniversário redondo, mas mesmo que não fosse, "caiu-nos no colo" a oportunidade de o assinalarmos com a pompa e circunstância que merece. Ou melhor, sem pompa nem circunstância, mas com tempo, calma, calor, amor. Este ano, o aniversário calhou à segunda-feira, e por isso o fim de semana "esticou". Fomos até Campos!






Classificada, desde 2005, como "Aldeia de Portugal", a aldeia de Campos pertence ao concelho de Vieira do Minho (distrito de Braga), estando inserida na Serra da Cabreira. A sua beleza é evidente, tanto do ponto de vista do património edificado, como do ponto de vista da envolvente ambiental. Para além das ruas empedradas, da igreja matriz, da ponte romana, do forno comunitário e dos espigueiros, Campos está em plena harmonia com a natureza: respira-se ar puro, apetece caminhar, descobrir, deixar-se encantar!




Ficámos alojados, durante toda a estadia, na Casa de Campos, reconstruída (respeitando a traça antiga) em 2008 para fins de turismo rural. A casa é composta por seis apartamentos/suites independentes e por ótimas áreas comuns, nomeadamente uma cozinha completamente equipada, uma sala com lareira, um salão para refeições e um terraço com uma vista privilegiada sobre a aldeia e a serra. Apesar de as temperaturas terem estado um pouco baixas na sexta-feira, e de ter chovido durante quase todo o dia no sábado, a qualidade da construção e do isolamento permitiram-nos um conforto permanente, quer de dia, quer de noite!




No domingo, e perante uma manhã soalheira, decidimos fazer-nos ao caminho! Isto é, decidimos ir conhecer o Trilho Pedestre de Campos, bem assinalado à entrada da aldeia.


Ao início, íamos sem grandes pretensões: queríamos só descer até ao rio e ver a ponte romana! Mas, como a temperatura estava agradável (nem muito calor, nem muito vento), era cedo e trazíamos comida e água, lá decidimos prosseguir à aventura!


O trilho tem a extensão de 13,8km, é circular, e tem altitude máxima de 1100m (próximo do Alto do Trovão) e mínima de 755m (junto à Ponte de Campos). Na placa à entrada da aldeia, está classificado como sendo de dificuldade média/alta. No geral, está bem assinalado, embora algumas das marcas estejam bastante espaçadas entre si, especialmente na zona mais alta do percurso. 


Demorámos quase exatamente cinco horas a completar o percurso, sem paragens de mais do que alguns minutos, mas também sem grandes pressas! Fomos apreciando a paisagem, o exercício e a conversa.



A aldeia de Campos é também conhecida pela sua praia fluvial (com uma piscina em pedra), mas que, desta vez, apenas observámos à distância. Fica a vontade de lá voltar, para usufruir em pleno; quem sabe, quando fizer mais calor!






Embora tivéssemos lido sobre a possibilidade de encontrar, durante o percurso, alguma vida selvagem (nomeadamente, javalis, coelhos bravos e algumas aves de rapina), a nossa principal "companhia" foi o gado autóctone, de raça barrosã. Tivemos alguns encontros imediatos!




E, por falar em encontros imediatos, também travámos amizade com uns quantos destes espécimes bem verdinhos, a coaxar nos charcos com que nos fomos cruzando, ao longo do percurso!...




Costuma dizer-se que a hora mais negra é aquela que antecede o amanhecer, e sendo verdade para várias coisas, também parece ser para os percursos pedestres. É quando o cansaço ataca, quando parece que vamos "morrer na praia", quando não damos com as marcas do trilho, e temos que avançar e retroceder algumas vezes... Também nos calhou, e já com Campos bem à vista!... Mas lá conseguimos dar a volta à questão, e aproveitar em pleno o último trecho do percurso.






Foi, sem dúvida, um fim de semana fantástico, com direito a tudo: descanso e aventura, sol e chuva, conversas e silêncio, história e paisagem. Viemos de baterias recarregadas e de corações cheios! Mais um presente (para ambos) daqueles que não têm preço: daqueles que ficam guardados no calor das memórias mais felizes.